quinta-feira, 15 de abril de 2010

Gordinha, Branquela e com Celulite


Se uma família de vesgos tivesse muito dinheiro e influência nos últimos cem anos, provavelmente os vesgos, hoje, seriam considerados charmosíssimos. Quem sabe até não houvesse lentes de contato para entortar nossos olhares e nos deixar mais próximos ao padrão de beleza? Estou falando sério. Nos últimos séculos no Ocidente, o que define o que é bonito é sempre o que os poderosos têm.

Durante toda a Idade Média até o século 19, uma mulher gostosa devia ser, no mínimo, branca e gorda. Porque branca? Por que as mulheres queimadas de sol eram aquelas que trabalhavam no campo. Só podia ser branca que tinha dinheiro, não trabalhava pra ficar em casa. E gorda? Porque comia era escassa, dava uma seca, uma nevasca, uma praga qualquer e milhares de pessoas morriam de fome. Ser gorda era sinal de poder, e por isso o pessoal era tão chegado numa celulite.

Durante o século 20 a maior parte da população saiu do campo e foi para as cidades trabalhar em casa, escritórios, fábricas, enfim, na sombra.

Imagine só a mudança: ficou todo mundo branquelo. E, com os avanços tecnológicos tornaram as pessoas mais sedentárias e fizeram com que mais comida chegasse a mesa de muito mais gente, além de brancas as pessoas ficaram gordas. Que legal, pensamos: então todo mundo entrou no padrão de beleza? Que nada, como os ricos tinham dinheiro pra viajar e praticar esportes virou um hábito, ter corpos sarados e bronzeados era moda.

Moda, tai uma palavra boa. A beleza sempre será para poucos, pois quando muita gente vai chegando perto do padrão de beleza ele muda. É que nem as roupas. Quando a primeira pessoa começa a usar um determinado tipo de calça, todo mundo estranha. Quando duas ou três usam, o pessoal acha o máximo, mas quando a classe inteira já tem a calça x pode começar a contar, porque os dias delas estão contados. Até aparecer uma garota com a calça Y, o pessoal estranha no ínicio...

Infelizmente a eterna corrida em direção à beleza não pode ser vencida por todo mundo, nem poderá. Em primeiro lugar porque quem nasceu japonesa jamais chegará a mulata e vice-versa. Em segundo, porque quando muita gente fica parecida, a beleza surge de outro lado, onde ninguém esperava. Claro que com abdominais, xampus com sistema frizz, fizz, bizz, lizz ou trizz, após, gloss, talco, salto, dieta e sei lá quais outros artifícios você pode se sentir mais bonita, mas não se iluda. Pelo contrário, tente ser feliz com o que você tem.

O maior exemplo de alguém que fez de tudo pra mudar completamente o visual ( e conseguiu) não é nada desejável: Michael Jackson, que nasceu homem negro e se transformou numa mulher branca. Se não fosse tão magrinho, faria o maior sucesso entre condes e duques em 1700.

Antonio Prata

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